Como resolver conflitos sem violência e educar com firmeza e carinho? Vamos juntos construir uma paternidade com amor e respeito!

PREPARE-SE PARA FACILITAR

PRA QUEM É

Pais de crianças de todas as idades.

EDUCAÇÃO VIOLENTA

A educação violenta envolve agressões físicas, verbais ou psicológicas como forma de disciplina. Isso abrange palmadas, gritos, insultos e humilhações. Embora muitos pais acreditem que esses métodos corrigem comportamentos indesejados, eles causam danos a curto e longo prazo nas crianças. Especialistas reconhecem a educação violenta como prejudicial ao desenvolvimento infantil e ineficaz.

Historicamente, essa abordagem foi aceita em diversas culturas, refletindo uma visão autoritária da disciplina. Atualmente, no Brasil, o uso de castigo físico e de tratamento cruel ou degradante na educação das crianças é proibido em lei, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

MOTIVAÇÕES PARA O USO DE MÉTODOS VIOLENTOS

1. Ciclos de Violência: Pais que sofreram violência na infância, tendem a reproduzir o comportamento, perpetuando o ciclo de maus-tratos.

2. Desconhecimento: Falta de informação sobre alternativas de disciplina e os efeitos nocivos da violência.

3. Estresse: Pais sobrecarregados podem recorrer à violência como solução rápida.

4. Percepção de Efetividade: Acreditar que a violência é uma forma eficaz de disciplinar.

FORMAS DE EDUCAÇÃO VIOLENTA

• Agressão Física: Palmadas, tapas, e outras formas de força.
• Agressão Verbal: Gritos, insultos e ameaças.
• Violência Psicológica: Humilhações, chantagens e manipulação emocional.
• Negligência: Falta de atendimento às necessidades básicas da criança.

Consequências no Desenvolvimento Psicossocial

A educação violenta prejudica o desenvolvimento psicossocial, afetando o aprendizado, a autoestima e as habilidades sociais. Crianças expostas à violência apresentam:

• Problemas de Comportamento: Maior agressividade e desobediência.

• Baixa Autoestima: Desenvolvimento de uma imagem negativa de si mesmas.

• Dificuldades de Relacionamento: Problemas em manter relações saudáveis.

• Transtornos Emocionais: Ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.

• Menor desempenho escolar: Dificuldades de concentração e aprendizado.

Educação Não Violenta: Alternativas Positivas

A educação não violenta baseia-se no respeito, empatia e diálogo, evitando agressões. Foca no reforço positivo e na resolução pacífica de conflitos. Os benefícios incluem:

• Fortalecimento da Autoestima: Melhora da autoconfiança e desempenho acadêmico.

• Habilidades Sociais: Desenvolvimento de capacidades de resolução de conflitos e de construção de relações interpessoais positivas.

Práticas de Educação Não Violenta

1. Ser um Bom Exemplo: Modelar comportamentos respeitosos.

2. Consequências Lógicas: Relacionar consequências ao comportamento da criança.

3. Comunicação Empática: Escutar a criança e validar suas emoções e preocupações.

4. Reforço Positivo: Elogiar e recompensar comportamentos desejáveis.

5. Negociação: Oferecer opções dentro de limites aceitáveis.

6. Estabelecimento de Limites Claros: Definir regras de forma discutida e não autoritária.

7. Autocontrole e Paciência: Ensinar a lidar com frustrações de maneira saudável.

A transição da educação violenta para métodos não violentos requer esforço, mas os benefícios são profundos, promovendo o desenvolvimento saudável e o fortalecimento dos laços familiares. Educar com empatia é um investimento no futuro das crianças e da sociedade.

MATERIAL ADICIONAL

Assista aos vídeos da playlist Cria na Paz, com Elisama Santos, disponíveis no seguinte endereço ou no site Pé de Infância.

OBJETIVOS
Educação positiva e não violenta.

Objetivo geral
• Evidenciar os impactos negativos do uso da educação violenta e apresentar ferramentas para que pais eduquem seus filhos de maneira positiva.

Objetivo específico
• Sensibilizar os homens sobre as consequências do uso da educação violenta para o desenvolvimento infantil e para a sociedade em geral.

• Sensibilizar os pais sobre as diferentes formas de violência na criação dos filhos.

• Oferecer estratégias para que pais eduquem seus filhos de maneira positiva, por meio de limites e rotinas.

Temas abordados
• Impactos da educação violenta para o desenvolvimento infantil;
• Estratégias para disciplina positiva.

Quantidade de participantes:
De 15 a 20 pessoas

Recursos necessários:
• Etiquetas (para os nomes dos participantes)
• Fita crepe
• Projetor para vídeo e slides
• Papel e caneta para todos os participantes – Quebra-Gelo “Segura a Onda?”
• Post-its e canetas para todos os participantes – Atividade “Cria na Paz”
• Vídeo “Nada de Guerra” Papai Tá Aqui

Sugestão de organização da sala:
Cadeiras em semicírculo

Tempo previsto para o encontro:
1 hora e 30 minutos

Boas-vindas e Apresentação do Facilitador – 10’
Acolha os pais e crie um clima de confiança e abertura. Apresente-se, fale brevemente do seu papel de facilitador e dos objetivos do encontro. Convide os participantes a se apresentarem falando seu nome e sua configuração familiar.

Quebra-gelo:
Segura a onda? – 10’

Sobre o Tema – 10’
Sensibilize sobre os prejuízos de educar com violência e os benefícios de educar com limites respeitosos.

Atividade:
Cria na paz – 30’
Apresentar aos pais possibilidades de identificar o momento em que sente raiva e de debater métodos de resolução de conflitos alternativos ao uso da violência.

Roda de Conversa: 30’
Reflexão sobre a importância da educação positiva e estratégias possíveis.

ROTEIRO DA FACILITAÇÃO

Oficina - PAI QUE EDUCA SEM VIOLÊNCIA

1

Boas vindas e apresentação

Acolha os pais e crie um clima de confiança e abertura.

Apresente-se, fale brevemente do seu papel de facilitador, que você será o ponto de conexão entre o conteúdo cuidadosamente elaborado e os pais que participam das oficinas.

Conte que o encontro tem como objetivo promover a troca de experiências e que a participação de todos é muito valiosa. Que esta oficina vai explorar estratégias para enfrentar os desafios da paternidade com paciência, construindo um relacionamento de confiança e respeito com seu filho.

Peça aos participantes que se apresentem falando seu nome e sua configuração familiar.

Oficina - PAI QUE EDUCA SEM VIOLÊNCIA

2

Quebra gelo

Segura a onda ou perde a cabeça?

Objetivo:
Mostrar que por vezes temos menos tolerância com os erros de nossos filhos do que de pessoas adultas.

Como fazer:
1. Distribua caneta e papel sulfite para cada pai e peça que escrevam de um lado “SEGURO A ONDA” e no verso “PERCO A CABEÇA.

2. Informe que irá ler algumas frases e que os pais devem levantar o papel do lado “Seguro a Onda” ou “Perco a Cabeça”, de acordo com o que sentiram.

3. Leia uma situação e aguarde os pais levantarem os papéis, e assim sucessivamente.

SITUAÇÕES:
1. Você está tomando café da manhã e seu filho derrama suco em você.

2. Você está tomando café da manhã no trabalho e

um colega derrama suco em você.

3. Seu filho está fazendo birra e gritando por não querer comer.

4. Seu amigo de trabalho recusa um lanche que você havia comprado pra ele.

5. Você está em uma chamada de áudio de trabalho e seu filho fica interrompendo você.

6. Você está em uma chamada de áudio de trabalho e sua esposa fica interrompendo você.

7. Seu filho tropeça em você e quebra o seu celular.

8. Um amigo tropeça em você e quebra o seu celular.

Reflexão:
Tem dias em que é difícil manter a calma, mas será que existe uma forma mais respeitosa de educar os nossos filhos?

Oficina - PAI QUE EDUCA SEM VIOLÊNCIA

3

Sobre o tema

Sensibilize sobre os prejuízos de educar com violência e os benefícios de educar com limites respeitosos, trazendo os dados já apresentados.

Oficina - PAI QUE EDUCA SEM VIOLÊNCIA

4

Atividade

MOMENTO 1: É Normal Sentir Raiva

OBJETIVO:
Apresentar aos pais possibilidades de identificar o momento em que sente raiva e de debater métodos de resolução de conflitos alternativos ao uso da violência.

Como fazer:

1. Início com Vídeos:
Exiba os vídeos Cria na Paz:
• Vídeo 1: Cria na Paz – Café da Manhã: Clique aqui.
• Vídeo 2: Cria na Paz – Escritório: Clique aqui.

2. Reflexão Individual:
Peça aos participantes para lembrar de momentos em que sentiram muita raiva. Oriente-os a observar as sensações físicas desse momento, como:

• Secura na garganta.
• Tensão muscular.

• Dentes cerrados.
• Aperto no estômago.

3. Conexão com Padrões Passados:
Convide os participantes a refletir se a forma como sentiram e expressaram a raiva nesses momentos está conectada com o que viram e viveram em suas próprias famílias ou no ambiente social.

4. Compartilhamento e Validação:
Incentive-os a compartilhar suas percepções e valide que é natural sentir raiva. Explique que perceber esses sinais físicos é um passo importante para interromper reações automáticas, ajudando a decidir como agir com mais consciência e a evitar a reprodução de comportamentos violentos.

Oficina - PAI QUE EDUCA SEM VIOLÊNCIA

4

Atividade

MOMENTO 2: O Que Fazer com a Raiva

Como fazer:

Formação de Grupos:
Divida os participantes em grupos de 3 a 5 pessoas para estimular o diálogo e o apoio mútuo.

Desafios e Normas Culturais:
Distribua post-its e canetas e peça aos participantes para escrever situações ou desafios que enfrentam em manter a calma, especialmente em contextos em que há a expectativa de “força” ou “autoridade” masculina.

Agrupamento de Temas na Parede:
Solicite que colem os post-its na parede, agrupando por afinidade, para visualizar os desafios compartilhados.

Propostas de Soluções Alternativas:
Peça aos grupos que discutam e escrevam possíveis alternativas para lidar com os desafios.

A ideia é buscar maneiras de romper com normas culturais que associam masculinidade à imposição ou ao uso da força.

Reflexão e Encerramento:
Conclua o momento com uma reflexão sobre as soluções propostas, reforçando que sentir raiva é natural, mas o importante é saber como responder a ela. Valorize a importância de reconhecer os sinais no corpo como um meio de escolher um comportamento mais consciente e respeitoso, rompendo com padrões de violência que podem ter sido aprendidos no passado.
A criança ainda não desenvolveu mecanismos de autorregulação e depende do exemplo do adulto. Cabe aos pais aprender novas maneiras de lidar com as próprias emoções para guiar as crianças nesse processo de aprendizado.

Oficina - PAI QUE EDUCA SEM VIOLÊNCIA

5

Roda de conversa

Ao final faça uma roda e traga perguntas disparadoras de diálogos entre participantes sobre os desafios e aprendizados. Se despeça com um vídeo curto que reforce o tema e os próximos passos.

REFLEXÕES:
Qual aprendizado você leva hoje? O que você quer colocar em prática hoje?

PERGUNTAS DISPARADORAS:
• O que você aprendeu sobre a resolução de conflitos que mais impactou sua visão sobre a educação?
• Das estratégias discutidas, em quais você se sente mais confortável para aplicar em casa?
• Como você pode cultivar um ambiente de respeito e confiança na relação com seu filho?
• Como você se sente ao pensar sobre a importância de educar sem violência?
• Que atitudes você gostaria de mudar em relação à sua comunicação com seu filho?

Passe a lista de presença.
Disponibilize o formulário físico, link ou QR code da pesquisa de avaliação.

PASSE O VÍDEO “NADA DE GUERRA” QUE ESTÁ NO SITE DAS OFICINAS PAPAI TÁ AQUI

Dia da oficina - materiais para imprimir

Convite

Cartaz

MATERIAIS PÓS OFICINA

Baixe aqui os materiais:

JORNADA VIA WHATSAPP
Jornada Nada de guerra
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Referências

Violence against children.
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/violence-against-children

The case against spanking.
https://www.apa.org/monitor/2012/04/spanking

Como educar sem bater?
https://www.childfundbrasil.org.br/blog/como-educar-sem-bater/

A importância de educar sem violência.
https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2022/08/importancia-de-educar-sem-violencia.html

Sá DGF, Bordin IAS, Martin D, Paula CS. Fatores de risco para problemas de saúde mental na infância/adolescência. Psicologia: Teoria e Pesquisa. 2010; 26(4): 643-652.
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https://www.researchgate.net/profile/Lidia-Dobrianskyj-Weber/publication/287518953_Revisao_de_literatura_da_punicao_corporal/links/57d7f3bc08ae6399a398fbbf/Revisao-de-literatura-da-punicao-corporal.pdf

Sinhorinho SM, Soares-Moura AT. Disciplina Violenta: uma revisão sobre suas causas, consequências e alternativas para a prática pediátrica. – Revista de Pediatria SOPERJ. 2020;20(1):10-17.
https://fi-admin.bvsalud.org/document/view/c5946

Berlin LJ, Appleyard K, Dodge KA. Intergenerational continuity in child maltreatment: mediating mechanisms and implications for prevention. Child Dev. 2011 Jan-Feb;82(1):162-76.
https://srcd.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-8624.2010.01547.x

Pelo fim dos castigos corporais e do tratamento cruel e degradante: manual de sensibilização para conselheiros tutelares, conselheiros de direitos e profissionais do sistema de garantia de direitos – Rio de Janeiro : Instituto Noos, 2013.
https://naobataeduque.org.br/wp-content/uploads/2017/11/Manual-Pelo-fim-dos-castigos-corporais-e-tratamento-degradante_RNBE.pdf

CUIDADO E PROTEÇÃO :Educando crianças e adolescentes sem violência. MPDFT. 2019.
https://www.mpdft.mp.br/portal/pdf/imprensa/cartilhas/cartilha_cuidado_protecao_educando_criancas_adolescentes_sem_violencia_final.pdf

Contra o machismo, psicólogo cria grupo terapêutico para homens.
https://lunetas.com.br/contra-o-machismo-psicologo-cria-grupo-terapeutico-para-homens/

Estereótipos de masculinidade: armadilha para homens e mulheres.
https://lunetas.com.br/masculinidade-estereotipos/

Abandono afetivo paterno: pais apenas no papel ou nem isso.
https://lunetas.com.br/abandono-afetivo-paterno/

BACKES, Mariana Schubert et al. A paternidade e fatores associados ao envolvimento paterno. Nova perspectiva sistêmica, v. 27, n. 61, p. 66-81, 2018.
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